A forma como os bairros são projetados está mudando — e a mobilidade ativa tem um papel central nesse processo. Fernando Bruno Crestani observa que a integração entre planejamento urbano e estímulo a deslocamentos a pé, de bicicleta ou por outros meios não motorizados vem ganhando relevância nas estratégias de desenvolvimento urbano contemporâneo. Essa abordagem está influenciando diretamente o valor dos imóveis, a qualidade de vida da população e o próprio desenho das cidades.
O que é mobilidade ativa e por que ela importa no urbanismo?
Mobilidade ativa é o termo utilizado para definir os deslocamentos realizados por meios que dependem da força humana, como caminhar ou pedalar. Em contraste com os modais motorizados, ela está associada a benefícios ambientais, sociais, econômicos e à saúde da população.
De acordo com Fernando Bruno Crestani, ao incorporar a mobilidade ativa no planejamento urbano, os novos bairros passam a priorizar calçadas largas, ciclovias bem conectadas, faixas de travessia segura, iluminação adequada e acessibilidade universal. Isso favorece o convívio entre moradores e promove a ocupação saudável dos espaços públicos.
Valorização de imóveis em áreas com infraestrutura ativa
Bairros planejados com foco na mobilidade ativa tendem a apresentar maior valorização imobiliária ao longo do tempo. A lógica é simples: quanto mais fácil for caminhar ou pedalar até os principais serviços — como mercados, escolas, transporte público e áreas de lazer —, mais desejável será o local para viver ou investir.
Conforme aponta Fernando Bruno Crestani, esse movimento é perceptível nas regiões metropolitanas que vêm adotando políticas de mobilidade sustentável. Empreendimentos localizados próximos a eixos de transporte coletivo, ciclovias estruturadas e ruas completas têm atraído não apenas moradores, mas também empresas interessadas em atuar em ambientes urbanos mais dinâmicos e inclusivos.
Planejamento urbano orientado à escala humana
A integração entre urbanismo e mobilidade ativa reflete uma mudança de paradigma no planejamento das cidades. Em vez de priorizar apenas a fluidez dos automóveis, cresce a atenção ao desenho urbano voltado à escala humana, onde o pedestre é o ponto de partida para a organização dos espaços.

Fernando Bruno Crestani indica que esse tipo de planejamento leva em conta elementos como distâncias caminháveis, diversidade de usos (residencial, comercial, institucional), arborização, mobiliário urbano e segurança viária. O resultado são bairros mais completos, vibrantes e sustentáveis, que estimulam o uso dos espaços públicos e reduzem a dependência de carros particulares.
Cidades de 15 minutos e a mobilidade no cotidiano
A ideia de “cidades de 15 minutos” se relaciona diretamente com esse conceito. Trata-se de um modelo urbano em que as pessoas conseguem acessar todos os serviços essenciais em até 15 minutos a pé ou de bicicleta, reduzindo a necessidade de longos deslocamentos diários.
Esse modelo tem inspirado políticas públicas em diversas partes do mundo e, segundo Fernando Bruno Crestani, já começa a impactar o desenvolvimento de bairros brasileiros, principalmente nos grandes centros urbanos, onde o tempo gasto no trânsito é uma preocupação crescente da população economicamente ativa.
Impactos sociais e ambientais
A integração da mobilidade ativa ao urbanismo não apenas transforma os bairros fisicamente, mas também produz impactos significativos na vida social e no meio ambiente. Ruas mais acessíveis e seguras estimulam a convivência entre moradores, a prática de atividades físicas e o fortalecimento do comércio local.
Além disso, a redução do uso de automóveis particulares contribui diretamente para a diminuição das emissões de gases poluentes e para a melhoria da qualidade do ar. Para Fernando Bruno Crestani, esse é um dos aspectos mais relevantes na construção de cidades resilientes frente às mudanças climáticas e aos desafios de sustentabilidade urbana.
O bairro como extensão da qualidade de vida
A integração entre mobilidade ativa e urbanismo está redesenhando os espaços urbanos com foco no bem-estar, na sustentabilidade e na convivência. Bairros que oferecem essa estrutura tornam-se mais atrativos para morar, trabalhar e investir, revelando-se como alternativas mais saudáveis e inteligentes diante das demandas atuais da sociedade.
Fernando Bruno Crestani reforça que o futuro do mercado imobiliário estará cada vez mais ligado a essa visão integrada, na qual o planejamento urbano deixa de ser apenas uma questão técnica e passa a ser uma ferramenta estratégica para promover desenvolvimento com qualidade de vida.
Autor: Alejandra Guyton